Biografia

Sou Arthur Veríssimo: Peregrino, Repórter, Fotógrafo, Autor, Pesquisador, Palestrante e Educador. Minha mãe nasceu em Xapuri no Acre, e meu pai em Garanhuns no estado Pernambuco. Nasci no Rio de Janeiro e cresci , estudei e acordei para a vida no Brooklin paulista em SP. Minha infância e adolescência fluíam naturalmente, no clube, colégio, viagens e amizades. Praticava uma imensidão de esportes (Esgrima, Basquete, Ginástica Olímpica , Futebol, Natação e observava deste pequeno as aulas de Yoga que minha mãe ministrava.

Da parte de meu pai o que mais aproveitava era seus discos de jazz, blues, clássicos da música brasileira e sua riquíssima biblioteca. clássicos gregos, Dostoievski, Gilberto Freire, Érico Veríssimo, Graciliano Ramos , Câmara Cascudo. Porém o que mais me instigava eram os livros do Casteneda, Lobsang Rampa, Helena Blavtsky, Aleister Crowley, Jung, Freud, Paramahansa Yogananda, Aurobindo, Alexandra David Newel, Elifhas Levy, e o majestoso o despertar dos mágicos de Louis Palier e Jaques Bergier fundadores da revista Planeta.Passava horas e horas consumindo a literatura esotérica e mágica. Sempre encontrava com os amigos no fliperama, este ancestral dos Nintendos e Ataris tecnológicos.

Morador do Brooklin Paulista estudava no pedaço e frequentava o Clube Banespa. Numa tarde, depois de muitas partidas de fliperama, resolvi bisbilhotar uma livraria. Dois títulos captaram minha atenção “Tantra: A suprema compreensão”, “Meditação: A arte do êxtase” O autor, certo guru indiano de nome diferente Baghwan Shree Rajneesh. Devorei os livros e encontrei  na última página um endereço de contato para os interessados pelos centros de meditação. A voz sussurrante do Oriente despertava o buscador adormecido. A rua distava cinco quarteirões da minha casa. Lembro como se fosse ontem: Rua Mathias Cardoso, 542.

Tinha 18 para 19 anos de idade. Uma semana depois estava investigando as cercanias do endereço. Percebia um entra e sai de pessoas com roupas de tonalidades vinho, vermelho e laranja. Fiquei ouriçado. Todos usavam batas largas, cabelos compridos e um colar no pescoço. Bicho-grilos, hippie-chiques, aristo-freaks e orientalistas de todos os matizes. Resolvi esticar o periscópio por sobre o muro, e fui averiguar sorrateiramente. Uma música indiana moderna tocava e um grupo de pessoas chacoalhava o corpo em um frenesi estranhíssimo.  Estavam praticando a meditação Kundalini que semanas depois seria uma das minhas prediletas. Homens, mulheres e gatinhas rodavam o corpo como dervixes rodopiantes.

Esperei passar minha excitação e toquei a campainha. Recordo-me que fui atendido por uma figura interplanetária de nome Subudha que gentilmente me levou para conhecer as dependências. Tudo era altíssimo astral. Livros, músicas, meditações, fotos e muita gente sorridente. Minha taxa de testosterona explodia pelas extremidades e poros. Mulheres maduras, jovens e gatíssimas desfilavam com seus lindos cabelos, corpos estonteantes em roupas transparentes. Fiquei maluco. A partir daquela visita minha vida mudou 360 graus. Mudanças profundas no meu comportamento revelaram que estava no caminho certo. Entrava na festa no momento em que ela começava e dali ninguém me tirava. Estava decidido, ali era a minha tribo. Para desgosto da minha mãe e gozações dos amigos do bairro decidi freqüentar o centro de meditação e cai nas graças do pessoal. Fazia as meditações (dinâmica e Kundalini) e lógico tentava chamar a atenção das gatas, panteras e coroas nos grupos de terapia.

Estava na flor da idade e explodia de desejos pelas moças. Por outro lado, no Brooklin meus amigos já eram ligadaços em musica. Curtíamos Jimi Hendrix, Frank Zappa, Stooges, J.J.Cale, Gênesis, Bob Marley, Jethro Tull, New York Dolls, Velvet Underground, Led Zeppelin e muitos outros. Na mesma época do advento do Rajneesh a revolução musical do Sex Pistols, Ramones e The Clash tiveram um efeito devastador na vida dos jovens e todos fomos afetados. Vivia em uma gangorra dilacerante entre o Sagrado e o Profano. Minha dúvida era qual a diferença entre os dois movimentos?  Meus amigos todos andavam de preto, detonados e esculhambados. LSD, Maconha e Cogumelo. Decidi andar de roupa vermelha, mala (colar do rajneesh) e deixei a barba rala crescer. Foi um Deus nos Acuda na minha família.

Minha casa era um entra e sai de Deusas, ciganas e mulheres suculentas. Meus novos amigos da tribo do Rajneesh me ofereciam livros do mestre, musicas orientais, passeios em Visconde de Mauá, incensos, baladas em Trindade, viagens a Trancoso e um espírito de fraternidade e amizade transcendentais. Depois de quatro meses de muita atividade recebi meu novo nome de sannyassim (renascido novamente) e na comunidade fui batizado de Swami Amitrup. O avesso do avesso das expectativas da santa Zezé de Oliveira, minha mãe.

A aprendizagem era um oásis de vivências inesgotáveis. A mentalidade na época era estreita e conservadora. Vivia em uma sociedade extremamente paralisada e pasteurizada como os tempos atuais. Porém com uma divisão distinta entre os Caretas e os Malucos. Larguei colégio, esportes, trabalho e fui de mala e cuia para a Califórnia viver durante um tempo em uma comunidade no deserto. As portas da percepção e do paraíso abriram-se diante dos meus sentidos. Participei de diversos grupos de terapia e conheci pessoas e criaturas fascinantes. Lógico namorava intensamente. Atirava-me nos braços de filha, mãe, ruiva, neta, aborígine, loura, black, morena.

A paranóia e mal estar da AIDS ainda não infectara este mundo de liberdade sexual e espiritual. Nossa sede e procura pelo autoconhecimento possibilitava estudar, desejar, participar, vivenciar com um circulo de pessoas que buscavam sentido na vida. A multiplicidade de temas religiosos que o Guru Baghaw Shree Rajeesh oferecia em suas palestras e livros instruíam e orientavam com valores universais. Posso dizer com muita felicidade e honestidade que sou um privilegiado. Rajneesh mesclava Taoísmo, sufismo, budismo, hinduismo, tantra, Zen, xamanismo, gestalt-terapia, grito primal, técnicas respiratórias, paganismo, yoga e muito sexo. O líder da comunidade em São Paulo era uma pessoa profundamente envolvida no crescimento espiritual das pessoas, o iluminado Somesh.

Outros nomes ficaram gravados como mantras na minha memória: Sandesh, Devarti, Vardam, Kutira, Vandhana, Niran, Subudha, Rajen, Sandya, Niranjano,  Araguacy, Bia e muitos outros.

O desbundante livro “A mulher do Próximo” de Gay Talese descreve precisamente como era a proto-sociedade do amor livre dos anos 60 e que consolidou nos 70 e 80 com o tsunami da cultura “sannyas” do guru B.S. Rajneesh ao redor do mundo. 

Na volta ao Brasil vivi em diversas comunidades alternativas no interior de São Paulo, Trancoso, Brasília e Visconde de Mauá. Um dia o sonho acabou. O castelinho de areia desmoronou. Mergulhei como um míssil desgarrado na noite de São Paulo e Amsterdã. As trevas e os paraísos artificiais. Sex, Drugs and Rock`n`Roll. A cultura do hedonismo. Sobrevivi. O tempo passou e hoje posso dizer com milhares de horas de vôo e muitas outras vidas, que a experiência de mais de dez anos que tive como discípulo do Rajneesh-Osho foi fundamental a minha sobrevivência, e ao reencontro que tive há oito anos com a Yoga. O incrível é que depois de tanta coisa ainda consegui lembrar.

Uma reviravolta profunda aconteceu em minha vida. Perco minha mãe em 1993 e mergulho na tristeza. O Abismo e o conflito de sedimentos engessados reverberam por camadas do meu corpo físico, emocional, mental e espiritual. Imagens congeladas do meu sistema vinham a tona. Nesta turbilhão tive um sonho em que minha mãe dizia para dar um tempo no chororô e partir para Índia . E lá fui eu. Com o coração despedaçado fui acolhido e adotado pela mãe Índia. Os caminhos da fé me conduziram para o berço do budismo, hinduísmo, jainismo e sikhismo. Desde então, retornei a Índia por 27 vezes.

Mas um pouco antes disso, atuei como DJ em uma das principais casas noturnas de São Paulo: a Carbono 14, isso por volta de 1983. Em 86, começo minha epopeia na recém inaugurada revista Trip, onde permaneci por 28 anos.

Na revista Trip minhas reportagens levaram várias gerações a viajar por um mundo inóspito e surreal antes mesmo do planeta se tornar a aldeia global na internet.

As matérias  ganharam vida nas telas de diversas tvs brasileiras em reportagens especiais por décadas. No ano de 1999 estreiou como reporter especial no SBT no Programa do Ratinho em 2001 realizou dezenas de reportagens no Domingo Legal de Gugu Liberato. Até que em 2006 Arthur e seu “Planeta Estranho” se tornam uma das principais atrações do programa Domingo Espetacular na TV Record. 

No ano de 2009, estreou como apresentador a frente do programa matinal Manhã Maior, na Rede TV. Em 2010, lançou seu primeiro livro, Karma Pop, uma aventura fotográfica que resume o longo amor e respeito do jornalista pela cultura Indiana.

Do encontro com a Discovery Netwoork em 2013, nasce a série “Na Fé”, uma impressionante imersão pelas manifestações religiosas mais efervescentes na américa do sul ,Central e Caribe.. A série foi considerada uma das mais relevantes do ano pelo público e crítica. No mesmo ano Veríssimo ainda participa do descontraído “Sexo no sofá” do canal Glitz e Futura, em companhia de Juliana Araripe e Rica Benozzati.

Em 2014, lança seu segundo livro “GONZO 30 anos de jornalismo transcultural”. Dois anos depois, em 2016, comanda a série  “Bendita Marvada” sucesso no canal + Globosat  e recebeu o prêmio Comunique-se na categoria “Cultura Escrita” pelo conjunto de sua obra.

Arthur também trabalhou nas rádios 89 Fm, USP, Mix Fm, Kiss Fm com programas de música, notícias e diversão

Atualmente, Veríssimo divide seu tempo produzindo matérias para vários sites e publicações impressas. Participa de palestras e exposições pelo Brasil afora. Produz semanalmente podcasts para o seu “Achados e Perdidos” e realiza participações especiais no programa do amigo e colega Ratinho (SBT)com o quadro “Baú do Arthur”, além de desenvolver  parcerias com algumas produtoras, projetos de séries e um filme sobre sua vida de comunicador.   

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